A estiagem prolongada que acometeu os 45 municípios de abrangência da Emater/RS-Ascar, na região administrativa de Santa Rosa (Coredes Fronteira Noroeste e Missões), faz com que a região esteja entre os índices mais baixos de produção e produtividade em lavouras da safra de verão 2021/2022. Este cenário foi reiterado na divulgação da Estimativa Final da Safra dos Grãos de Verão 2021/2022, durante tradicional Café da Manhã para Imprensa, na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, na terça-feira (08/03).

Enquanto a média de redução na produção de soja, por exemplo, está em –52,1% no Estado, na região de Santa Rosa o índice ultrapassa os 85%, se comparado com a média histórica dos últimos dez anos. Em muitos municípios, a redução na produtividade de lavouras de soja é superior a 95% em relação à expectativa inicial, como no caso de Santo Ângelo, onde a média municipal deve ficar em 3,5 sacas/por ha. Outros municípios com vastas áreas, a exemplo de Giruá, com área de 62 mil ha, não devem colher mais de oito sacas por hectare, em média.

“Nós temos regiões com uma dificuldade gigantesca. A região de Santa Rosa é a de maior dificuldade, cujos dados remontam a 2005, quando foi nossa pior estiagem. Quem anda pelas regiões de Ijuí e de Santa Rosa vê o quanto é preocupante. Nós temos algumas áreas nas regiões de Caxias do Sul, de Pelotas e de Porto Alegre que tiveram uma situação mais favorável. A média estadual leva em conta esses diferentes cenários”, destacou o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Paulo Rugeri, durante a apresentação dos números levantados por mais de 400 municípios na segunda quinzena de fevereiro.

Outra preocupação para além da quantidade produzida é a qualidade do grão que vem sendo colhido, em muitos casos não podendo ser aproveitado nem mesmo pela indústria.

Já no milho, outra cultura importante da região, a produtividade média do grão teve uma redução de -47,3%. A redução só não foi maior em virtude de muitas das lavouras serem cultivadas mais cedo, sendo que em alguns municípios a janela de plantio inicia já no mês de julho. Com isso, a média do milho grão deve ficar em 4.602 quilos/ha, incluindo-se dados oriundos de lavouras de sequeiro e irrigadas neste índice. Cabe salientar que as lavouras irrigadas apresentaram produtividade média de 8.400 kg/ha, mostrando a eficiência dos sistemas de irrigação em muitas situações.

A produção de silagem de milho também foi comprometida, sendo que a média de produtividade na região ficou em 18 toneladas. Tal situação fez com que se buscasse outras alternativas de alimentação aos animais, como forragens mais resistentes, a exemplo do BRS Capiaçu, e aumento na oferta de feno e de ração.

Em relação aos dados da região, o gerente regional da Emater/RS-Ascar José Vanderlei Waschburger destaca que a média leva em conta a produção total, incluindo lavouras mais e menos atingidas, com situações peculiares de manejo, épocas de plantio, cultivar, quantidade de precipitações e com e sem irrigação. “Isso interfere muito nos números e sabemos que existe diferenças entre os municípios, contudo, é inegável que a estiagem atingiu lavouras e a produção agropecuária de toda a região de forma histórica”, afirma.

Os prejuízos causados pela estiagem se revelam no expressivo número de laudos de Proagro realizados até o momento pela Instituição, ultrapassando 2.500 perícias, em milho e soja, feitas somente na região de Santa Rosa.

As estimativas de área e de produção por região do Estado, bem como o comparativo com a safra passada, podem ser acessadas em https://bit.ly/3vWepnk.

 

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