Os Sindicatos dos Trabalhadores
Rurais e a Fetag-RS sentiram a necessidade de retomar as mobilizações em prol
da garantia dos direitos da agricultura, da pecuária e dos (as) assalariados (as)
familiares, mas principalmente, com foco na valorização do setor enquanto
elemento estratégico para o desenvolvimento local e para a segurança alimentar.
Historicamente
o Grito de Alerta é uma mobilização realizada anualmente, de forma ordeira,
organizada e pacifica e busca chamar a atenção da sociedade para a importância
da agricultura e da pecuária familiar na economia, na cultura, na produção de
alimentos, na geração de renda e na sustentabilidade ambiental. Contudo, com a
pandemia o último Grito de Alerta foi realizado em 2019, em Santa Cruz do Sul e
contou com a participação de mais de 12 mil agricultores (as).
Em 2022 a
mobilização levou para a discussão social temas como a Década da Agricultura
Familiar, o elevado custo de produção para o setor, a garantia de preço para os
produtos e a rentabilidade das famílias, além de destacar o debate sobre o
acesso à saúde pública, gratuita e de qualidade e demais questões estruturantes
para o meio rural. Foi dado ênfase em relação as dificuldades de acesso aos
direitos sobre o INSS.
Nos últimos
anos, principalmente durante a pandemia, os(as) agricultores (as) e pecuaristas
familiares sentiram na pele os efeitos do aumento no custo de produção de todas
as cadeias produtivas devido a forte alta em insumos como ração e os defensivos
agrícolas, elevação no preço da energia elétrica – que muitas vezes não chega
nas propriedades com qualidade e em quantidade que supra a necessidade -,
desvalorização do salário mínimo e das aposentadorias, congelamento de recursos
investidos na saúde e a falta de infraestrutura de internet, sinal de telefonia
e de estradas em boas condições.
Todos
os fatores citados tornam a já complicada atividade de produzir alimentos ainda
mais difícil. Mesmo assim, as mais de 700 mil pessoas ocupadas na agricultura e
na pecuária familiar no Estado (Censo Agropecuário 2017), seguem produzindo com
dedicação e excelência.
Mas,
para que a produção tenha continuidade, é necessário que a agricultura e a
pecuária familiar sejam valorizadas, o que pode ser feito pelos governos
através de políticas públicas que estimulem a atividade produtiva, tais como:
redução de impostos no preço dos combustíveis utilizados para a produção de
alimentos; retomada do Programa Nacional de Habitação Rural; ampliação do sinal
de telefonia e de internet no meio rural; melhoria das estradas; mais recursos
destinados a programas como o PAA e o PNAE; crédito diferenciado para a
juventude rural; combater e punir a violência contra a mulher; valorização do
salário mínimo; e o retorno do subsídio para a energia elétrica do meio rural.
Foi
discutidos formas em que os governos Federais e Estaduais poderiam tomar em
relação ao que mais está no momento afetando a classe dos agricultores que é a
estiagem que assolou e comprometeu toda a safra 2021/2022, em que em uma
oportunidade a Ministra da agricultura Tereza Cristina esteve visitando a
região Sul do país para presenciar a estiagem no dia doze(12)
de Janeiro
de 2022 onde houve uma intensa cobrança dos Municípios em relação ao que está
ocorrendo no estado.
A mobilização iniciou as
05h30min com a ocupação da agência do Banco do Brasil no município.
Agricultores(as) mostraram sua indignação com a falta de resposta do governo
por meio de faixas e frases, tais como “Mais recursos no Pronaf, mais prazo e
menos juros”, “Você se alimentou hoje? Agradeça o a um agricultor(a)!”,
“Agricultor(a) pede respeito. Resposta do governo é nosso direito!”.
Com a
chegada das caravanas, a Praça da República foi ocupada pela multidão que após
as 9h iniciou a caminhada em direção ao Banco do Brasil e ao INSS, encontrando
os demais manifestantes.
Durante a
manhã diversas autoridades se pronunciaram, dentre elas prefeitos, vereadores,
deputados estaduais, deputados federais, entidades representativas do setor e
também da indústria e do comércio.
O
presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, em seu pronunciamento afirmou à
multidão “que foi necessário os agricultores e agricultoras saíssem de suas
propriedades e de suas casas e ocupar as ruas para que o governo pudesse fazer
mais algumas promessas.
Há quinze
dias uma comissão da Fetag-RS está em Brasília conduzida pelo vice-presidente,
Eugênio Zanetti, buscando as negociações da pauta com o Governo Federal.
Reuniões com o Ministério da Agricultura, Ministério da Economia, Banco
Central, deputados e senadores, marcadas pelo deputado federal Heitor Schuch
foram realizadas.
No final da manhã boas
notícias chegaram à Ijuí. Segundo informações obtidas no Ministério da
Economia, a promessa é que aconteça a retomada das contratações do Pronaf no
Plano Safra atual e que o agricultor tenha rebate a partir de 20% no Pronaf
Custeio e Investimentos para pessoas físicas que não estão amparadas pelo
Proagro ou Seguro Rural.
Ainda, o
governo está prometendo que manterá a garantia de abastecimento de milho balcão
nos armazéns credenciados pela Conab e garantirá a cesta básica, transporte de
água, custeio para caminhão pipa e recursos para os municípios onde falta água
para consumo humano e consumo animal.
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Mato Queimado esteve presente com a classe para dar apoio ao Grito de
Alerta dos agricultores.