O ex-ministro Sergio Moro, que esteve à frente como juiz na operação Lava-Jato, se filiou nesta quarta-feira ao Podemos. O evento abre caminho para sua pré-candidatura a presidente.
Com rejeição de bolsonaristas e lulistas, Moro é uma das apostas de centro-direita como uma opção de terceira via na disputa hoje polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT). Em discurso, Moro admitiu que pode vir a disputar a Presidência da República.
“Se para tanto, for necessário assumir a liderança nesse projeto, meu nome sempre estará à disposição do povo brasileiro. Não fugirei dessa luta, embora saiba que será difícil. Há outros bons nomes que têm se apresentado para que o país possa escapar dos extremos da mentira, da corrupção e do retrocesso”, disse Moro, que também afirmou: “Precisamos nos unir em torno de um projeto que tenha as seguintes linhas: combater a corrupção; reduzir a pobreza; reduzir a inflação; gerar empregos; proteger a família e respeitar o próximo, o diferente.”
No discurso de filiação, Moro fez críticas tanto a gestão petista no governo federal como a de Bolsonaro. O ex-juiz citou casos de corrupção durante os mandatos dos ex-presidentes Lula e Dilma, como mensalão e desvios na Petrobras. Sobre Bolsonaro, disse que deixou o governo por não ter recebido apoio no combate à corrupção.
O ex-ministro iniciou seu discurso citando as críticas que recebe por sua voz. Ele justificou que “não é político” e que “não está acostumado a discursos”.
“O Brasil não precisa de líderes que tenham voz bonita. O Brasil precisa de líderes que ouçam e atendam a voz do povo brasileiro”, disse Moro, que passou por uma acompanhamento com um fonoaudiólogo para melhorar sua dicção.
O ex-juiz fez a defesa de sua atuação na operação Lava-Jato e, sem citar o presidente Jair Bolsonaro, falou de sua atuação no governo.
“Em 2018, recebi um convite do presidente eleito para ser ministro da Justiça. Como todo bom brasileiro, eu tinha, em 2018, esperança por dias melhores. Como todo brasileiro, eu pensava no que havíamos presenciado nos últimos anos: os grandes casos de corrupção sendo revelados dia após dia, os pixulecos, as contas na Suíça e milhões de reais ou dólares roubados”, disse.
Moro disse que deixou o governo porque foi boicotado. Na época, o ex-ministro alegou que Bolsonaro tentava interferir na Polícia Federal.
“Eu acreditava em uma missão. Queria combater a corrupção, mas, para isso, eu precisava do apoio do governo e esse apoio me foi negado. Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa.”
Corrupção